Em 2016, a Biomedicina no Brasil completa 50
anos. São cinco décadas desde o projeto inicial do curso, embora a
regulamentação só tenha vindo anos após, em 1979. Com muito esforço, empenho e
dedicação de um grupo de profissionais e estudantes, o curso, que antes se
chamava Ciências Biológicas – modalidade médica, passou a se chamar
Biomedicina. Hoje, uma das profissões mais atrativas do mercado de trabalho,
com mais de 220 cursos espalhados por todo o país, 37 habilitações regulamentadas
pelo Conselho Federal de Biomedicina e benefícios imensuráveis para a saúde da
sociedade.
A história da Biomedicina se confunde com a
de muitos profissionais que batalharam com afinco para que a profissão chegasse
hoje ao status que chegou. Entre esses profissionais, está o Dr Silvio José
Cecchi, presidente do Conselho Federal de Biomedicina, que começou a sua
militância pela regulamentação da profissão quando ainda era estudante e milita
até os dias de hoje por melhores condições de trabalho para todos os
Biomédicos.
Cecchi destaca seu orgulho e satisfação em ver profissionais brasileiros se
destacando no mercado de trabalho nacional e internacional, desenvolvendo
projetos grandiosos no âmbito da Biomedicina e contribuindo de forma
enriquecedora para o progresso da profissão e da saúde em todo o mundo.
Confira
a íntegra da entrevista com o Dr. Silvio José Cecchi.
Conselho
Federal de Biomedicina: A sua história de vida se confunde com a história da
Biomedicina no país. Desde muito jovem o senhor se dedica à profissão, que
também é muito recente, mas que tem crescido de maneira considerável no Brasil.
Conte um pouco sobre a sua trajetória profissional e como foi o inicio do
Conselho Federal de Biomedicina.
Silvio
José Cecchi:
Prestei vestibular, no antigo Centro de Seleção de Candidatos às Escolas
Médicas e Biológicas, para o curso de Ciências Biológicas Modalidade Médica,
hoje Biomedicina, em 1979, na Faculdade Barão de Mauá de Ribeirão Preto (SP).
No primeiro dia de aula fiquei sabendo que o curso não era regulamentado e,
portanto, não poderia exercer a profissão a não ser, pagando para que um
Farmacêutico-Bioquímico fosse responsável técnico pelo laboratório de Análises
Clínicas, caso quisesse atuar nessa área. Imagine que tal situação, me causou
tamanho inconformismo e então decidi reunir um grupo de amigos e começamos a
batalhar pela regulamentação da profissão no Brasil. Depois de muitos contatos,
consegui agendar uma reunião com o Chefe da Casa Civil do Governo Geisel, Dr.
Goubery do Couto e Silva, único na época capaz de desengavetar o projeto de Lei
que regulamentava a profissão, que à época sofria forte pressão da área
farmacêutica..
Agendada
a reunião, partimos João Sabbag (professor da Mauá), Dácio Campos (dono de
Laboratório em Porto Ferreira) e eu, estudante ainda, para Brasília. Não foi
fácil, travamos uma longa guerra no Congresso Nacional até que conseguimos a
regulamentação.
CFBM:
À frente de mais uma gestão do Conselho Federal de Biomedicina, o que o senhor
vê como tendência para os próximos anos no segmento, uma vez que é sabido que a
profissão tem se expandido de maneira significativa e que já está entre as 45
profissões que mais crescem no país?
Silvio
Cecchi: Á
frente de mais uma gestão do CFBM, acredito que a tendência é a consolidação
das nossas habilitações já regulamentadas e com certeza de novas áreas que
estão aparecendo, , tendo em vista que a Ciência é muito dinâmica e que os
Biomédicos são os profissionais que têm uma das formações mais sólidas e
completas da saúde.
CFBM:
O que os biomédicos poderão esperar do CFBM nessa próxima gestão 2016/2020?
Silvio Cecchi: Os colegas biomédicos podem ter certeza que o CFBM
vai trabalhar de forma intensificada e muito seriamente para fazer valer e
serem respeitadas todas as nossas prerrogativas já conquistadas. Também vamos
trabalhar de modo especial em relação aos concursos públicos em todo o Brasil.
Qualquer concurso, cujo objeto trouxer a possibilidade de inserção de nossos
profissionais, considerando a área de atuação dentro do que temos
regulamentado, faremos de tudo para nossos colegas participarem, inclusive com
providencias judiciais.
CFBM:
Quais são as principais dificuldades da classe hoje e como o CFBM pretende
amenizá-las?
Silvio Cecchi: Nossa principal dificuldade são os concursos,
principalmente nos lugares mais longínquos do Brasil. Estamos preparando uma
força tarefa, com o setor jurídico do CFBM e dos Conselhos Regionais, para
atuar em todas as localidades, quando necessário.
CFBM:
A questão da saúde no Brasil, sobretudo a pública, demanda uma atenção muito
especial por parte dos nossos governantes. Como o senhor analisa esse cenário?
Silvio
Cecchi: A
saúde no Brasil está um caos em todos os sentidos. Assim, é preciso considerar
que o trabalho dos nossos profissionais é fundamental para o progresso da saúde
do país, uma vez que o Brasil tem um clima tropical, propicio em todas as
estações para epidemias e endemias e que certamente precisarão ser
diagnosticadas por biomédicos. Neste sentido, continuaremos lutando junto ao
Ministério da Saúde e Governo Federal para melhorar os valores da tabela do
Sistema Único de Saúde (SUS) para os Laboratórios de Análises Clínicas que não
são atualizados há mais de 20 anos.
CFBM:
Parte considerável da população ainda não reconhece esses profissionais e
atribui os seus trabalhos à outras profissões, como médicos, farmacêuticos,
técnicos… Como pretende atuar de modo que a sociedade conheça cada vez mais o
trabalho do biomédico?
Silvio
Cechi: Um
trabalho de mídia e marketing está sendo desenvolvido para tornar o
profissional Biomédico ainda mais reconhecido em todo Brasil. Vamos propagar em
todos os cantos e mídias o trabalho dos colegas que tem função importante na
sociedade através do seu desempenho profissional.
CFBM:
O senhor tem construído uma sólida história durante todos esses anos de atuação
no setor. Qual o legado pretende deixar para CFBM e para a saúde brasileira?
Silvio Cecchi: Hoje o que posso destacar é a minha satisfação
profissional e pessoal em ver a Biomedicina caminhando por si só e sendo
reconhecida em todo o território nacional e internacional. Tenho hoje muito
orgulho ao saber que muitos profissionais estão alçando vôos altos em todo o
mundo e desenvolvendo trabalhos importantíssimos no âmbito da Biomedicina.
Quando
entrei na faculdade, tínhamos poucos cursos e apenas cinco faculdades que
lutavam pela regulamentação (MAUÁ – OSEC- MOGI – UFPE e PUVGO). Atualmente,
temos mais de 220 cursos por todo o Brasil e uma das profissões que mais
crescem. Nós, biomédicos, já somos um grande sucesso, e estamos avançando.
Desejo,
de verdade, que a Biomedicina seja cada vez mais respeitada, pela competência e
pela qualificação de seus profissionais no meio acadêmico e na área da saúde.
Não demora muito e a frase que mais se ouvirá no mercado de trabalho será: “Aqui
tem um Biomédico, pode confiar“
Fonte: CFBM
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