*Hévellyn Patrícia
São muitas as considerações feitas
antes de tomarmos uma decisão sobre o curso universitário a seguir. Pensa-se em
empregabilidade, dinheiro, remuneração, status. Observam-se aptidões, vocações
pessoais, paixões e profissões dos familiares. Às vezes, argumenta-se sobre
tipo de trabalho a ser exercido, padrões de comportamento, vestimentas, trajes,
uniformes, togas. Analisa-se condições financeiras, possibilidades de
manutenção no curso, mensalidades, empréstimos e financiamentos.
Muitos fatores são equacionados nessa
imensa trama de considerações sociais, biológicas, psicológicas, financeiras e
comportamentais. E o mais certo nisso tudo, é que todos os pontos estão
imbricados e entrelaçados entre si, de tal maneira, que seria impossível
considerar pontos isoladamente. E assim como os processos biológicos, todos
esses fatores estão agindo simultaneamente a cada milésimo de segundo de nossas
vidas e provocando um desencadear infinito de ações e reações as quais nos
levam aos mais variados comportamentos, sensações e sentimentos, nos quais
vislumbramos a utopia do controle.
E por sinal foram os comportamentos
sociais que despertaram em mim, inicialmente, o interesse pela biomedicina e
contribuíram significativamente para a escolha deste curso. Mas
especificamente, foi a corrida mundialmente desenfreada pela medicamentação
psiquiátrica.
Acredito que todos nós conhecemos
pessoas que sofrem ou sofreram de alguma doença psiquiátrica: depressão,
ansiedade, síndrome do pânico, fobias, etc. Este parece ser o mal do século.
Segundo o Dr. Julián Melgosa, “estima-se que a depressão ocupará o segundo
lugar entre as causas de doenças e incapacidades no mundo no ano de 2020,
ficando atrás apena das doenças cardiovasculares”.
Não obstante, é perceptível que há
um movimento transversal ao tradicional ‘ir ao médico, consultar-se e ser
medicado’. E hoje, os antidepressivos estão sendo demandados por uma população
conectada à modernidade urgente e imediatista, em busca de algo socialmente
criado: a felicidade eterna.
No entanto, essa felicidade nada
mais é, que um engodo de extremo prejuízo para o contínuo evoluir do ser, visto
que ela é desejada em detrimento aos processos naturais e inerentes aos seres
humanos, os quais incluem a vivência, a maturação, o luto e a superação das
adversidadese consequentes sentimentos mais diversos, causados pelo que se
entende por viver.
Com isso em mente, deparei-me com
uma área particularmente interessante, cujo biomédico pode atuar e se
especializar: a psicobiologia.
“A
Psicobiologia é uma área de estudo que busca desenvolver o conhecimento sobre
as bases biológicas do comportamento. Analisa como o ambiente influi no
organismo, os processos psicológicos e quais aspectos estariam ligados ao
genes.”
E foi assim que iniciei o meu curso de
biomedicina. E foi assim também que eu fui deverasmente surpreendida. E se não
fosse por essa surpresa, fazia-se necessário alterar o título deste texto,
visto que o singular talvez não se harmonize com os plurais das possibilidades.
Logo nas primeiras aulas fui
surpreendida com algo inabitual em minhas andanças. Encontrei professores,
biomédicos e não-biomédicos, apaixonados por suas profissões e munidos com
vivacidade científica e acadêmica. Apesar de seus anos de estrada, demonstravam
ainda curiosidade científica e disposição para saciá-la. E foi nas explanações
dessas curiosidades e na paixão vivaz (perdoem-me a redundância) por seus
objetos de estudo e/ou trabalho, que pude despertar para um leque de
possibilidades que o curso de biomedicina pode proporcionar. E para aumentar o
leque de possibilidades, também fui agraciada por colegas de turma imensamente
providos de interesses científicos diversos e distintos, o que engrandece
sobremaneira um ambiente acadêmico.
Porém, devido ao teor inesperado da
situação, relatarei algumas dessas possibilidades utilizando-me apenas de um
mecanismo enferrujado que carrego comigo, ao qual chamo memória. Além disso,
antecipo-me em desculpar-me quanto a prováveis erros de colocação, expressão,
nomenclatura, conceituação, etc, pois, é um mundo de conhecimento ainda
desconhecido por mim.
O primeiro viés de pesquisa que tomei
conhecimento, mediante a forma acima citada, foi relacionada à genética e sobre
a possibilidade de carregamento ou transporte de informações genéticas através
de longos períodos de tempo. O que em nada parece diferente do que estudamos no
colégio.
Porém, a referência era a algo que
talvez, com o acúmulo de conhecimento científico, pudesse explicar memórias
sensitivas, conhecimentos inerentes, capacidades de aprendizados excepcionais,
dons, genialidades. De certa forma, a explanação me remeteu a alguns conhecimentos
da doutrina espírita e, a vivência de vidas passadas, entretanto, em nada tinha
a ver com religiosidade. Era uma perspectiva estritamente científica.
Outro ramo que pude tomar conhecimento
de sua relação com a biomedicina, devido ao entusiasmo de alguns colegas, foi a
perícia criminal. O perito criminal ou criminalista, é um especialista nas
ciências forenses e apesar de a realidade de nosso país não possibilitar o
glamour das sérias de TV, a atividade da perícia criminal é de suma importância
na produção de exame pericial e a interpretação correta dos vestígios para o
exercício da justiça.
A reprodução humana segue a mesma
linha de crescimento, evolução e importância e os biomédicos demonstram grande
interesse nessa área que pode amenizar grandes frustrações decorrentes da
impossibilidade de ter filhos.
Sem querer me estender excessivamente,
finalizo ao citar uma área que considero particularmente interessante, por
possibilitar alívio no tratamento de uma as doenças mais temidas da humanidade:
o câncer. Na área da oncologia, o biomédico pode especializar-se em
oncogenética, citogenética e biologia molecular e desenvolver formas de
tratamento menos invasivas para pacientes já tão debilitados pelo peso de um
câncer.
Ainda posso citar outras áreas da
biomedicina, como a estética, as análises clínicas, a bromatologia, acupuntura,
histologia, imunologia, perfusão extracorpórea, toxicologia, saúde pública,
entre outras.
São tantas as possibilidades para o
profissional biomédico, que fica difícil não se apaixonar e mergulhar nas
veredas dessa ciência.
*Graduanda em Biomedicina.
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