segunda-feira, 16 de maio de 2016

Biomedicina: possibilidades

                                                                                                                     *Hévellyn Patrícia

        São muitas as considerações feitas antes de tomarmos uma decisão sobre o curso universitário a seguir. Pensa-se em empregabilidade, dinheiro, remuneração, status. Observam-se aptidões, vocações pessoais, paixões e profissões dos familiares. Às vezes, argumenta-se sobre tipo de trabalho a ser exercido, padrões de comportamento, vestimentas, trajes, uniformes, togas. Analisa-se condições financeiras, possibilidades de manutenção no curso, mensalidades, empréstimos e financiamentos.

            Muitos fatores são equacionados nessa imensa trama de considerações sociais, biológicas, psicológicas, financeiras e comportamentais. E o mais certo nisso tudo, é que todos os pontos estão imbricados e entrelaçados entre si, de tal maneira, que seria impossível considerar pontos isoladamente. E assim como os processos biológicos, todos esses fatores estão agindo simultaneamente a cada milésimo de segundo de nossas vidas e provocando um desencadear infinito de ações e reações as quais nos levam aos mais variados comportamentos, sensações e sentimentos, nos quais vislumbramos a utopia do controle.
            E por sinal foram os comportamentos sociais que despertaram em mim, inicialmente, o interesse pela biomedicina e contribuíram significativamente para a escolha deste curso. Mas especificamente, foi a corrida mundialmente desenfreada pela medicamentação psiquiátrica.

            Acredito que todos nós conhecemos pessoas que sofrem ou sofreram de alguma doença psiquiátrica: depressão, ansiedade, síndrome do pânico, fobias, etc. Este parece ser o mal do século. Segundo o Dr. Julián Melgosa, “estima-se que a depressão ocupará o segundo lugar entre as causas de doenças e incapacidades no mundo no ano de 2020, ficando atrás apena das doenças cardiovasculares”.

            Não obstante, é perceptível que há um movimento transversal ao tradicional ‘ir ao médico, consultar-se e ser medicado’. E hoje, os antidepressivos estão sendo demandados por uma população conectada à modernidade urgente e imediatista, em busca de algo socialmente criado: a felicidade eterna.

            No entanto, essa felicidade nada mais é, que um engodo de extremo prejuízo para o contínuo evoluir do ser, visto que ela é desejada em detrimento aos processos naturais e inerentes aos seres humanos, os quais incluem a vivência, a maturação, o luto e a superação das adversidadese consequentes sentimentos mais diversos, causados pelo que se entende por viver.

            Com isso em mente, deparei-me com uma área particularmente interessante, cujo biomédico pode atuar e se especializar: a psicobiologia.

            “A Psicobiologia é uma área de estudo que busca desenvolver o conhecimento sobre as bases biológicas do comportamento. Analisa como o ambiente influi no organismo, os processos psicológicos e quais aspectos estariam ligados ao genes.”

E foi assim que iniciei o meu curso de biomedicina. E foi assim também que eu fui deverasmente surpreendida. E se não fosse por essa surpresa, fazia-se necessário alterar o título deste texto, visto que o singular talvez não se harmonize com os plurais das possibilidades.

Logo nas primeiras aulas fui surpreendida com algo inabitual em minhas andanças. Encontrei professores, biomédicos e não-biomédicos, apaixonados por suas profissões e munidos com vivacidade científica e acadêmica. Apesar de seus anos de estrada, demonstravam ainda curiosidade científica e disposição para saciá-la. E foi nas explanações dessas curiosidades e na paixão vivaz (perdoem-me a redundância) por seus objetos de estudo e/ou trabalho, que pude despertar para um leque de possibilidades que o curso de biomedicina pode proporcionar. E para aumentar o leque de possibilidades, também fui agraciada por colegas de turma imensamente providos de interesses científicos diversos e distintos, o que engrandece sobremaneira um ambiente acadêmico.

Porém, devido ao teor inesperado da situação, relatarei algumas dessas possibilidades utilizando-me apenas de um mecanismo enferrujado que carrego comigo, ao qual chamo memória. Além disso, antecipo-me em desculpar-me quanto a prováveis erros de colocação, expressão, nomenclatura, conceituação, etc, pois, é um mundo de conhecimento ainda desconhecido por mim.

O primeiro viés de pesquisa que tomei conhecimento, mediante a forma acima citada, foi relacionada à genética e sobre a possibilidade de carregamento ou transporte de informações genéticas através de longos períodos de tempo. O que em nada parece diferente do que estudamos no colégio.

Porém, a referência era a algo que talvez, com o acúmulo de conhecimento científico, pudesse explicar memórias sensitivas, conhecimentos inerentes, capacidades de aprendizados excepcionais, dons, genialidades. De certa forma, a explanação me remeteu a alguns conhecimentos da doutrina espírita e, a vivência de vidas passadas, entretanto, em nada tinha a ver com religiosidade. Era uma perspectiva estritamente científica.

Outro ramo que pude tomar conhecimento de sua relação com a biomedicina, devido ao entusiasmo de alguns colegas, foi a perícia criminal. O perito criminal ou criminalista, é um especialista nas ciências forenses e apesar de a realidade de nosso país não possibilitar o glamour das sérias de TV, a atividade da perícia criminal é de suma importância na produção de exame pericial e a interpretação correta dos vestígios para o exercício da justiça.

A reprodução humana segue a mesma linha de crescimento, evolução e importância e os biomédicos demonstram grande interesse nessa área que pode amenizar grandes frustrações decorrentes da impossibilidade de ter filhos.

Sem querer me estender excessivamente, finalizo ao citar uma área que considero particularmente interessante, por possibilitar alívio no tratamento de uma as doenças mais temidas da humanidade: o câncer. Na área da oncologia, o biomédico pode especializar-se em oncogenética, citogenética e biologia molecular e desenvolver formas de tratamento menos invasivas para pacientes já tão debilitados pelo peso de um câncer.

Ainda posso citar outras áreas da biomedicina, como a estética, as análises clínicas, a bromatologia, acupuntura, histologia, imunologia, perfusão extracorpórea, toxicologia, saúde pública, entre outras.

São tantas as possibilidades para o profissional biomédico, que fica difícil não se apaixonar e mergulhar nas veredas dessa ciência.


*Graduanda em Biomedicina.




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