quinta-feira, 19 de maio de 2016

Nova diretoria do Conselho Federal de Biomedicina toma posse em Brasília


Gestão 2016 – 2020

Presidente:
ü  Silvio José Cecchi

Vice-presidente:
ü  Edgar Garcez Júnior

Tesoureiro:
ü  Dácio Leandro Campos

Conselheiros Titulares

v  Djair De Lima Ferreira Júnior

v  Edvaldo Carlos Brito Loureiro

v  Frank Sousa Castro

v  Janaína Naumann Nasser

v  Maurício Gomes Meirelles

v  Renato Minozzo

v  Rony Marques De Castilho

v  Conselheiros Suplentes

v  Alessandra Franco

v  Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo

v  Daiane Pereira Camacho

v  Luiz Carlos Santana Da Silva

v  Marcelo Abissamra Issas

v  Ovídio Alencar Araripe Neto

v  Renato Pedreiro Miguel

v  Rosangela Guzzi Sampaulo

v  Silvia Zucchi Bailão

v  Wesley Francisco Neves

A nova diretoria do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) tomou posse na última segunda-feira, 16 de maio, em Brasília. A chapa, presidida pelo biomédico Dr. Silvio José Cecchi irá conduzir os trabalhos pelo período que compreende os anos de 2016 a 2020. Autoridades, como o superintendente executivo do Ministério do Trabalho, Jaime Macedo, a representante da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Maria do Socorro Veras e o assessor da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação, Rubens Martins, prestigiaram a cerimônia de posse. Participou ainda da solenidade, João Alves Moreira representando o Sindicato dos Biomédicos do Distrito Federal.

O Conselho é responsável pela regulamentação e pela condução de 37 habilitações de uma das profissões da área de saúde que mais cresce no país. De acordo com o Dr. Silvio José Cecchi, a nova gestão será focada em fazer valer as prerrogativas da carreira, especialmente em relação à inserção dos biomédicos em concursos públicos. Ele reforçou a importância do CFBM, como entidade reguladora da profissão, para lutar pelos interesses da categoria e destacou que o Conselho está sempre batalhando pelos profissionais da Biomedicina, que têm uma formação sólida, dinâmica e certamente estão preparados para exercer suas atividades na área da saúde.

“Sempre tive a certeza de que nós [biomédicos] chegaríamos aonde chegamos hoje. Batalhei por isso desde o inicio da profissão. Certamente, estamos preparados para atuar e dominar o mercado em qualquer que seja a área que temos habilidade regulamentada para trabalhar. Não existe outra razão para o que fazemos se não for para o bem da categoria. Nosso próximo passo é sair do Brasil, da América do Sul e dominar o mundo. Qualificação para isso nós temos”.

Cecchi lembrou ainda que uma das principais reivindicações dos biomédicos é a participação em certames públicos. “Hoje, a nossa principal dificuldade é a inserção dos nossos profissionais em concursos públicos, principalmente aqueles disputados nos lugares mais longínquos do Brasil. Estamos preparando uma força- tarefa, em parceria com os Conselhos Regionais de Biomedicina, para atuar em todas as localidades do país, quando necessário”, ressaltou o presidente em tom emocionado.

E por falar em emoção, o vice-presidente Edgar Garcez Júnior e o tesoureiro Dácio Leandro Campos também se emocionaram ao lembrar o quanto o CFBM tem trabalhado para que a categoria seja cada vez mais reconhecida tanto no mercado de trabalho, quanto pela sociedade. “Ainda há muito que ser feito, mas muito mais já foi conquistado para os nossos biomédicos”, ressaltou o Dr. Edgar Garcez.

Aluno da primeira turma de Biomedicina do Brasil, o Dr. Dácio Leandro Campos é considerado por muitos profissionais a “própria história da Biomedicina”, foi ele o principal responsável pela regulamentação do curso, bem como dos Conselhos Federal e Regionais de Biomedicina, em 1979. “Incontáveis foram as vezes que saímos de São Paulo e viajávamos a Brasília sem data de retorno para que a nossa profissão fosse regulamentada. Hoje, com muito orgulho, vejo que todo o trabalho desempenhado por mim e pelos meus companheiros não foi em vão”, destacou.

Campos, que também já foi presidente do CFBM, é também presidente do Conselho Regional de Biomedicina região 1.


A cerimônia de posse da nova gestão foi acompanhada por aproximadamente 100 pessoas de todo o país que viajaram a Brasília para prestigiar o trabalho desempenhado pela equipe gestora. A mesa de trabalhos foi coordenada pelo então vice-presidente do CFBM, Dr. Sérgio Antônio Machado, que também foi homenageado pelo Conselho Federal de Biomedicina dando seu nome à  plenária, inaugurada no último dia 3.

FONTE: http://cfbm.gov.br/nova-diretoria-do-conselho-federal-de-biomedicina-toma-posse-em-brasilia/

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Dispositivo eletrônico detecta moléculas ligadas a câncer, Alzheimer e Parkinson



Um biosensor desenvolvido por pesquisadores do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), em Campinas, mostrou-se capaz de detectar moléculas relacionadas a doenças neurodegenerativas e alguns tipos de câncer.

Trata-se de um dispositivo eletrônico manufaturado sobre uma plataforma de vidro. Nele, um transistor é formado por uma camada orgânica em escala nanométrica, contendo o peptídeo glutationa reduzida (GSH), que reage de maneira específica quando em contato com a enzima glutationa S-transferase (GST), relacionada a doenças como Parkinson, Alzheimer e câncer de mama, entre outras. A reação GSH-GST é detectada pelo transistor e pode ser utilizada no diagnóstico.

O biossensor foi desenvolvido no âmbito do Projeto Temático “Desenvolvimento de novos materiais estratégicos para dispositivos analíticos integrados”, realizado com o apoio da FAPESP, que reúne pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento em torno da tecnologia dos dispositivos point of care, sistemas de teste simples executados junto ao paciente.

“Utilizando plataformas como esta, doenças complexas poderão ser diagnosticadas de forma rápida, segura e relativamente barata, uma vez que a tecnologia utiliza sistemas em escala nanométrica para identificar as moléculas de interesse no material analisado”, explica Carlos Cesar Bof Bufon, coordenador do Laboratório de Dispositivos e Sistemas Funcionais (DSF) do LNNano e pesquisador associado ao projeto coordenado pelo professor Lauro Kubota, do Instituto de Química da Unicamp.

Além da portabilidade e do baixo custo, Bufon destaca como vantagem do biossensor em escala nanométrica a sensibilidade com que o dispositivo detecta as moléculas.

“Pela primeira vez a tecnologia de um transistor orgânico é utilizada para detecção do par GSH-GST, visando diagnosticar doenças degenerativas, por exemplo. Isso possibilitará a detecção de tais moléculas mesmo presentes em baixas concentrações no material examinado, uma vez que as reações são detectadas em escala nanométrica, ou seja, de milionésimos de milímetros.”

O sistema pode ser adaptado para detecção de outras substâncias, como moléculas relacionadas a diferentes doenças e elementos presentes em material contaminado, entre outras aplicações. Para isso, alteram-se as moléculas incorporadas no sensor, que reagirão na presença dos componentes químicos que são alvo de análise no ensaio, chamados de analitos.

“O DSF do LNNano tem desenvolvido uma variedade de plataformas para sensoriamento químico, físico e biológico voltadas a setores estratégicos nacionais e internacionais, incluindo saúde, meio ambiente e energia”, diz Bufon.

O objetivo, conta o pesquisador, é “ter em mãos uma série de soluções em dispositivos point of care para responder com agilidade a uma série de demandas”. Por exemplo, surtos de doenças ou análise de analitos contaminantes, como o chumbo e toxinas em amostras de água.

A pesquisa que levou ao desenvolvimento do biossensor para detecção de moléculas relacionadas a doenças neurodegenerativas e a alguns tipos de câncer foi relatada no artigo Water-gated phthalocyanine transistors: Operation and transduction of the peptide–enzyme interaction, publicado na revista Organic Electronics.

O trabalho é de autoria dos pesquisadores Rafael Furlan de Oliveira, Leandro das Mercês Silva e Tatiana Parra Vello, sob a coordenação de Bufon, todos do DSF do LNNano.

DO VIDRO AO PAPEL

Com o objetivo de reduzir ainda mais os custos, melhorar a portabilidade dos biossensores desenvolvidos e facilitar seu processo de manufatura e descarte, o grupo vem trabalhando em sistemas de detecção de substâncias em plataformas de papel.

“O papel, enquanto plataforma para a fabricação de dispositivos analíticos, apresenta uma série de vantagens por se tratar de um polímero natural, amplamente disponível em todo o mundo, leve, biodegradável, portátil e dobrável”, diz Bufon.

O desafio é converter um material isolante, caso do papel, em condutor. Para isso, o pesquisador desenvolveu uma técnica que possibilita impregnar nas fibras de celulose polímeros com propriedades condutoras, tornando-o capaz de conduzir eletricidade e transmitir informações de um ponto a outro e permitindo atribuir a ele a função de um sistema para sensoriamento.

“A técnica é baseada na síntese in situ de polímeros condutores. Para que esses polímeros não fiquem retidos na superfície do papel, é necessário que eles sejam sintetizados dentro dos poros da fibra de celulose e entre eles. Para isso, o processo é feito por meio de uma rota de polimerização química a vapor: um agente oxidante líquido é incorporado ao papel, que, em seguida, é exposto aos monômeros (pequenas moléculas capazes de se ligarem a outras) na fase de vapor. Ao evaporarem sob o papel, os monômeros entram na fibra em escala submicrométrica, penetrando entre os poros, onde encontram o agente oxidante e iniciam o processo de polimerização ali mesmo, impregnando todo o material”, explica.

Ainda de acordo com o pesquisador, “é como tentar encher uma sala com balões; se eles não passam pela porta cheios de ar, uma alternativa é enchê-los lá dentro”.


Uma vez impregnado pelos polímeros, o papel passa a ter as propriedades condutoras deles. Essa condutividade pode ser ajustada dependendo da aplicação que se queira dar ao papel, manipulando-se o elemento que é incorporado à fibra de celulose. Dessa forma, o dispositivo pode ser condutor de corrente elétrica, levando-a de um ponto a outro sem grandes perdas (imagine antenas de papel, por exemplo), ou semicondutor, interagindo com moléculas específicas e funcionando como sensor físico, químico ou eletroquímico.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Biomedicina: possibilidades

                                                                                                                     *Hévellyn Patrícia

        São muitas as considerações feitas antes de tomarmos uma decisão sobre o curso universitário a seguir. Pensa-se em empregabilidade, dinheiro, remuneração, status. Observam-se aptidões, vocações pessoais, paixões e profissões dos familiares. Às vezes, argumenta-se sobre tipo de trabalho a ser exercido, padrões de comportamento, vestimentas, trajes, uniformes, togas. Analisa-se condições financeiras, possibilidades de manutenção no curso, mensalidades, empréstimos e financiamentos.

            Muitos fatores são equacionados nessa imensa trama de considerações sociais, biológicas, psicológicas, financeiras e comportamentais. E o mais certo nisso tudo, é que todos os pontos estão imbricados e entrelaçados entre si, de tal maneira, que seria impossível considerar pontos isoladamente. E assim como os processos biológicos, todos esses fatores estão agindo simultaneamente a cada milésimo de segundo de nossas vidas e provocando um desencadear infinito de ações e reações as quais nos levam aos mais variados comportamentos, sensações e sentimentos, nos quais vislumbramos a utopia do controle.
            E por sinal foram os comportamentos sociais que despertaram em mim, inicialmente, o interesse pela biomedicina e contribuíram significativamente para a escolha deste curso. Mas especificamente, foi a corrida mundialmente desenfreada pela medicamentação psiquiátrica.

            Acredito que todos nós conhecemos pessoas que sofrem ou sofreram de alguma doença psiquiátrica: depressão, ansiedade, síndrome do pânico, fobias, etc. Este parece ser o mal do século. Segundo o Dr. Julián Melgosa, “estima-se que a depressão ocupará o segundo lugar entre as causas de doenças e incapacidades no mundo no ano de 2020, ficando atrás apena das doenças cardiovasculares”.

            Não obstante, é perceptível que há um movimento transversal ao tradicional ‘ir ao médico, consultar-se e ser medicado’. E hoje, os antidepressivos estão sendo demandados por uma população conectada à modernidade urgente e imediatista, em busca de algo socialmente criado: a felicidade eterna.

            No entanto, essa felicidade nada mais é, que um engodo de extremo prejuízo para o contínuo evoluir do ser, visto que ela é desejada em detrimento aos processos naturais e inerentes aos seres humanos, os quais incluem a vivência, a maturação, o luto e a superação das adversidadese consequentes sentimentos mais diversos, causados pelo que se entende por viver.

            Com isso em mente, deparei-me com uma área particularmente interessante, cujo biomédico pode atuar e se especializar: a psicobiologia.

            “A Psicobiologia é uma área de estudo que busca desenvolver o conhecimento sobre as bases biológicas do comportamento. Analisa como o ambiente influi no organismo, os processos psicológicos e quais aspectos estariam ligados ao genes.”

E foi assim que iniciei o meu curso de biomedicina. E foi assim também que eu fui deverasmente surpreendida. E se não fosse por essa surpresa, fazia-se necessário alterar o título deste texto, visto que o singular talvez não se harmonize com os plurais das possibilidades.

Logo nas primeiras aulas fui surpreendida com algo inabitual em minhas andanças. Encontrei professores, biomédicos e não-biomédicos, apaixonados por suas profissões e munidos com vivacidade científica e acadêmica. Apesar de seus anos de estrada, demonstravam ainda curiosidade científica e disposição para saciá-la. E foi nas explanações dessas curiosidades e na paixão vivaz (perdoem-me a redundância) por seus objetos de estudo e/ou trabalho, que pude despertar para um leque de possibilidades que o curso de biomedicina pode proporcionar. E para aumentar o leque de possibilidades, também fui agraciada por colegas de turma imensamente providos de interesses científicos diversos e distintos, o que engrandece sobremaneira um ambiente acadêmico.

Porém, devido ao teor inesperado da situação, relatarei algumas dessas possibilidades utilizando-me apenas de um mecanismo enferrujado que carrego comigo, ao qual chamo memória. Além disso, antecipo-me em desculpar-me quanto a prováveis erros de colocação, expressão, nomenclatura, conceituação, etc, pois, é um mundo de conhecimento ainda desconhecido por mim.

O primeiro viés de pesquisa que tomei conhecimento, mediante a forma acima citada, foi relacionada à genética e sobre a possibilidade de carregamento ou transporte de informações genéticas através de longos períodos de tempo. O que em nada parece diferente do que estudamos no colégio.

Porém, a referência era a algo que talvez, com o acúmulo de conhecimento científico, pudesse explicar memórias sensitivas, conhecimentos inerentes, capacidades de aprendizados excepcionais, dons, genialidades. De certa forma, a explanação me remeteu a alguns conhecimentos da doutrina espírita e, a vivência de vidas passadas, entretanto, em nada tinha a ver com religiosidade. Era uma perspectiva estritamente científica.

Outro ramo que pude tomar conhecimento de sua relação com a biomedicina, devido ao entusiasmo de alguns colegas, foi a perícia criminal. O perito criminal ou criminalista, é um especialista nas ciências forenses e apesar de a realidade de nosso país não possibilitar o glamour das sérias de TV, a atividade da perícia criminal é de suma importância na produção de exame pericial e a interpretação correta dos vestígios para o exercício da justiça.

A reprodução humana segue a mesma linha de crescimento, evolução e importância e os biomédicos demonstram grande interesse nessa área que pode amenizar grandes frustrações decorrentes da impossibilidade de ter filhos.

Sem querer me estender excessivamente, finalizo ao citar uma área que considero particularmente interessante, por possibilitar alívio no tratamento de uma as doenças mais temidas da humanidade: o câncer. Na área da oncologia, o biomédico pode especializar-se em oncogenética, citogenética e biologia molecular e desenvolver formas de tratamento menos invasivas para pacientes já tão debilitados pelo peso de um câncer.

Ainda posso citar outras áreas da biomedicina, como a estética, as análises clínicas, a bromatologia, acupuntura, histologia, imunologia, perfusão extracorpórea, toxicologia, saúde pública, entre outras.

São tantas as possibilidades para o profissional biomédico, que fica difícil não se apaixonar e mergulhar nas veredas dessa ciência.


*Graduanda em Biomedicina.




domingo, 15 de maio de 2016

Médico apresenta tratamento contra a rinite alérgica após 10 anos de estudo: Tratamento é feito com 30 doses de vacina durante 1 ano e 2 meses. Em cerca de 80% dos pacientes testados os sintomas desapareceram.

Um médico pesquisador da Faculdade de Medicina de Jundiaí (SP) publicou nesta semana o resultado de 10 anos de um estudo sobre uma vacina contra rinite alérgica. O pesquisador Edmir Américo Lourenço, professor titular da disciplina de otorrinolaringologia da faculdade, afirma que encontrou um tratamento de longo prazo para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas utilizando uma vacina específica para cada indivíduo.

Segundo a pesquisa, em cerca de 80% dos pacientes testados os sintomas desapareceram. "O paciente não deixa de ser alérgico, mas as melhorias clínicas é que são importantes porque o indivíduo que não tem sintomas é como se ele estivesse curado. Existe um estigma genético para o alérgico, que isso não se desfaz com o tratamento de vacina. As vacinas estimulam a formação de defesas próprias, de anticorpos específicos contra as causas de alergia de que ela é portadora", explica o pesquisador, que é doutor e mestre pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O pesquisador, que possui mais de 80 estudos publicados, dedicou a vida profissional ao tratamento das doenças respiratórias quando decidiu analisar o prontuário de centenas de pacientes. O procedimento mostra bons resultados quando o tratamento é feito até o fim. O trabalho com 281 pacientes com mais de três anos de idade, realizado em Jundiaí, foi publicado no mês de março de 2016 na revista brasileira editada em língua inglesa "International Archives of Otorhinolaryngology", que destaca trabalhos científicos de otorrino no Brasil e no exterior. 
Procedimentos
Nos primeiros passos da pesquisa, foram feitos testes na pele para saber quais são as causas da alergia. De acordo com o resultado, é feita uma vacina individual e específica em laboratório especializado para cada paciente. Atualmente, o tratamento está disponível somente em clínicas particulares. O custo é de um pouco mais de R$ 1,5 mil. "O paciente procura o médico e passa por testes. Depois, de acordo com os resultados, o especialista faz a solicitação para a produção individual da vacina em laboratório. Em meu tratamento, são 30 doses aplicadas durante 1 ano de 2 meses", explica o médico. 

"O indivíduo alérgico pode ter uma melhora clínica no seu dia a dia, melhora da qualidade de vida, melhora da qualidade do sono, da capacidade de trabalho, do seu humor. Mas ele não deixa de ser alérgico. Ele não pode ser exposto a situações extremas. Ele tem uma defesa própria, mas que pode ser insuficiente em determinadas condições. Para o dia a dia dele, ele ter uma qualidade de vida muito melhor", destaca Edmir.


sexta-feira, 6 de maio de 2016

Estudo confirma potencial da Wolbachia em reduzir a transmissão do Zika por Aedes



Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comprovaram que a bactéria Wolbachia, quando presente no mosquito Aedes aegypti, é capaz de reduzir a transmissão do vírus zika. Publicado em 4 de maio, na prestigiada revista científica Cell Host & Microbe, o estudo integra o projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. Trazido ao país pela Fiocruz, o projeto estuda o uso da bactéria Wolbachia como uma alternativa natural, segura e autossustentável para o controle de dengue, chikungunya e zika. A pesquisa traz, ainda, dados inéditos sobre a capacidade da Wolbachia de reduzir a replicação do vírus no organismo do mosquito. O projeto conta com a participação de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz-Minas).

O estudo usou quatro grupos de mosquitos Aedes aegypti: duas gaiolas continham mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, criados em laboratório pela equipe do projeto, e duas gaiolas com insetos sem a bactéria, coleados no Rio de Janeiro. Todos eles foram alimentados com sangue humano contendo duas linhagens do vírus Zika circulantes no Brasil: metade das gaiolas recebeu sangue com uma cepa isolada em São Paulo, enquanto a outra, com cepa isolada em Pernambuco.

Os cientistas acompanharam os mosquitos ao longo do tempo. Depois de 14 dias do contato com o vírus, os especialistas coletaram amostras de saliva de 10 mosquitos com Wolbachia e de 10 mosquitos sem Wolbachia. O objetivo era infectar 160 Aedes e analisar se eles seriam infectados pelo vírus presente nas salivas. O resultado foi animador: nenhum dos 80 mosquitos que recebeu saliva de Aedes com Wolbachia se infectou com o vírus Zika. Por outro lado, 85% dos mosquitos que receberam saliva de Aedes sem Wolbachia ficaram altamente infectados.
“Por mais que a saliva dos Aedes aegypti com Wolbachia apresentasse partículas virais de Zika, em nenhum caso a saliva foi capaz de infectar outros mosquitos. Esses dados são similares ao efeito anteriormente observado sobre o potencial de transmissão do vírus dengue por Aedes aegypti com Wolbachia. Isso nos mostra que o uso de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia também tem potencial para ser utilizado para controle da transmissão do vírus Zika”, destaca o pesquisador Luciano Moreira, coordenador do estudo e líder do projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil.

Na competição interna, mais vitórias da Wolbachia

Para verificar se o vírus Zika conseguiria se disseminar pelos tecidos dos mosquitos, amostras de abdômen e cabeça/tórax foram analisadas por meio da técnica de RT-PCR. Para isso, foram analisados quatro grupos de 20 insetos com e sem Wolbachia, em dois momentos. Sete dias após a ingestão do sangue infectado com a cepa de Pernambuco, os especialistas constataram que no grupo de insetos com a bactéria, em relação ao de mosquitos sem a bactéria, houve uma redução de 35% na replicação do vírus Zika no abdômen e de 100% na cabeça/tórax. Catorze dias após a infecção inicial, as reduções foram de 65% e 90%, respectivamente. No grupo que recebeu sangue infectado com a cepa de São Paulo, após sete dias, as reduções atingiram os índices de 67% e 95%, no abdômen e na cabeça/tórax, e 68% e 74%, nos mesmos tecidos, após catorze dias.

“Ainda não se sabe o que acontece no organismo do mosquito com Wolbachia quando ele é infectado com o vírus Zika, por exemplo. No entanto, percebemos que nesta competição a bactéria leva a melhor. Ela consegue reduzir a replicação do vírus”, avalia Luciano.
O estudo foi além: os pesquisadores coletaram amostras de saliva de 20Aedes aegypti com Wolbachia e de 20 Aedes aegypti sem Wolbachia que receberam sangue infectado com a cepa isolada de Pernambuco. Esta coleta aconteceu 14 dias após a ingestão do vírus, período em que, segundo a literatura, o patógeno já teria se espalhado completamente pelo organismo do inseto e chegado à glândula salivar. O objetivo era demonstrar o percentual de vírus que conseguiria chegar até este estágio, momento em que o Aedes se torna capaz de transmitir o vírus. Aqui, mais um resultado animador: em 55% dos mosquitos com Wolbachia não havia positividade para o vírus Zika.

“Na natureza, ao picar um indivíduo infectado, o mosquito também se infecta. O vírus, então, irá percorrer um longo caminho por todo o corpo do inseto até chegar à glândula salivar. Alcançar um resultado que demonstra que mais da metade dos Aedes com Wolbachia sequer apresentarão Zika na saliva, caso sejam infectados, reforça ainda mais o potencial de utilização em larga escala que esta estratégia apresenta”, pondera o coordenador do projeto no Brasil.

No país, a iniciativa sem fins-lucrativos teve início em 2012 e realiza estudos de campo nos bairros de Tubiacanga, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e em Jurujuba, em Niterói. O resultado mais recente divulgado pelo projeto mostrou que 80% dos mosquitos Aedes aegypti destas localidades possuíam a bactéria Wolbachia, ao final dos estudos de campo realizados entre agosto de 2015 e janeiro de 2016.