A vantagem é que, mesmo após
o cozimento, o grão oriundo dessa planta consegue manter uma quantidade da
vitamina (328 microgramas) cerca de quatro vezes superior à do produto
convencional (81 µg). A nova planta, que aguarda liberação para testes em campo
no México, foi fruto do trabalho de pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia (DF) e do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de
Monterrey, do México.
O feijão é um alimento muito
rico em vitaminas, inclusive o ácido fólico. Uma variedade convencional chega a
ter 389 microgramas no produto cru, quase o mínimo que o ser humano necessita
por dia (400 µg). Mas, depois do cozimento, essa quantidade cai para 81
microgramas, ou seja, 100 gramas de feijão cozido atende pouco mais de 20% da
necessidade diária de uma pessoa. Já a ingestão de 100 gramas do produto
geneticamente modificado é capaz de garantir 82% da quantidade de ácido fólico
que um ser humano precisa por dia.
A pesquisa na instituição
mexicana foi desenvolvida com três variedades de feijão muito consumidas
naquele país: Pinto Saltillo, Pinto Durango e Pinto Café. O trabalho consistiu
no aumento da produção das moléculas que dão origem ao ácido fólico a partir da
introdução de genes da planta Arabidopsis thaliana, uma erva muito utilizada
como modelo na biotecnologia vegetal.
De acordo com o pesquisador
da Embrapa Francisco Aragão, os melhores resultados foram obtidos com a
variedade Durango, que chegou a apresentar, no campo, um teor de ácido fólico
84 vezes maior do que a variedade convencional. A variedade Saltillo alcançou
um nível 22 vezes superior.
As plantas foram
transformadas pela metodologia de biobalística, na qual os genes são
"bombardeados" para dentro da planta a ser transformada, de forma a
se integrar ao seu genoma. Além disso, a Embrapa é a única instituição a
dominar a tecnologia de transformação genética do feijoeiro, desenvolvida por
Aragão.
Da alface ao feijão
Em 2006, a Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia iniciou o desenvolvimento de uma variedade de alface
com 15 vezes mais ácido fólico do que a hortaliça convencional, com a vantagem
de poder ser comida crua, o que garante a ingestão da quantidade total da
vitamina.
A hortaliça biofortificada
despertou a atenção da pesquisadora do Monterrey, Rocío de la Garza, que
estudava, havia quatro anos, a síntese de ácido fólico em vegetais utilizados
na alimentação humana. Em 2008, ela procurou o pesquisador da Embrapa Francisco
Aragão, responsável pelo desenvolvimento da alface biofortificada, para
iniciarem uma pesquisa em colaboração visando ao aumento do teor de ácido
fólico em feijão.
O feijão é um alimento muito
consumido nos dois países e, no México, de onde é originária, a leguminosa é
comum até no café da manhã. Trata-se de um alimento muito rico em vitaminas,
inclusive o ácido fólico, cuja quantidade chega a 389 microgramas no produto
cru, quase o mínimo que o ser humano necessita por dia (400 µg). Mas, depois do
cozimento, essa quantidade cai para 81 microgramas.
O objetivo do Instituto de
Monterrey era desenvolver variedades enriquecidas para que, mesmo depois do
cozimento, mantivessem altos teores de ácido fólico. Em 2009, a assinatura de
um Acordo de Transferência de Material (ATM) com a Embrapa resultou na vinda da
estudante de doutorado Naty Ramirez para aprender a tecnologia de transformação
genética e poder desenvolvê-la no México.
O ácido fólico
O ácido fólico, também
conhecido como folato ou vitamina B9, é essencial para o bom desempenho de
várias funções do corpo humano, entre elas, a síntese e a reparação do DNA,
divisão e crescimento celular, produção de novas proteínas e formação de
hemácias. Um ser humano adulto precisa de 400 microgramas dessa vitamina por dia
para garantir o bom funcionamento do seu metabolismo. Já uma mulher grávida
precisa de 600 microgramas.
Uma alimentação saudável,
rica em alimentos verdes e frutas, normalmente garante ao organismo a
quantidade necessária de ácido fólico. Mas, com o ritmo de vida estressante dos
dias de hoje, em que cada vez é mais difícil se alimentar da forma correta e
nos horários adequados, é frequentemente necessário recorrer à suplementação
para atingir essa quantidade.
Atentas a essa questão, a
Embrapa e outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior têm investido
na biofortificação, que consiste no aumento do teor de nutrientes em alguns
alimentos em prol da saúde e melhoria da qualidade de vida da população.
O acordo assinado com o
Instituto Tecnológico de Monterrey garante à Embrapa a possibilidade de trazer
a variedade desenvolvida no México para cruzamentos com as cultivares
brasileiras.
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