Em
nosso cotidiano desempenhamos diversos movimentos sem nem mesmo percebê-los ou
nos perguntarmos como somos capazes de realiza-los. Pois então, estamos sempre
utilizando nosso sistema motor, seja em movimentos voluntários, como acenar
para uma pessoa, ou piscar os olhos involuntariamente.
Para
nos possibilitar de realisar tais movimentos, existem os padrões básicos de
movimentação do corpo, que se dividem em movimentos reflexos, rítmicos e
voluntários. Sendo os reflexos com complexidade organizacional mais simples, e
os voluntários mais complexos.
Movimentos
Reflexos
Respostas
motoras simples (participação de poucos músculos) e estereotipadas (sempre
iguais), involuntárias provocadas por estimulus específicos. Ocorrem reações
automáticas em cadeia em todo nosso corpo, como quando caímos ou nos queimamos.
O ato reflexo envolve o
recrutamento de circuitos neurais de forma inconsciente, sendo desencadeado por
estímulos sensoriais específicos. Pode ser estendido para respostas motoras
viscerais (músculos liso, cardíaco e glândulas), e os reflexos que regulam o
diâmetro pupilar e acomodação visual.
Os
reflexos podem ser polissináptico incluindo no mínimo um interneuronio entre o
sensorial e o motoneuronio ou monossináptico, desprovido de interneuronios. Há
também atos reflexos unissegmentados (como o motático) e plurisegmentados
(reflexo de retirada).
Movimentos
Voluntários
O movimento voluntário executa
um comando de forma consciente e controlável. Para isso, o movimento precisa
ser organizado inicialmente ao nível de córtex. O córtex motor, mais
especificamente, organiza o comando do movimento e envia este comando para um
nível central inferior, numa sequência bem definida: córtex pré-motor, controle
motor, núcleos da base, tronco encefálico, medula, músculo e cerebelo. O
cerebelo faz um ajuste fino e informa ao córtex pré-motor para corrigir o
movimento. Visto que são de ação amplamente aprendido, o movimento voluntário é
complexo, pois, para exercer tal função, necessita-se de um contato primário
com a ação para depois tornar-se “automática”. Um exemplo clássico é o ato de
dirigir, escrever, falar, cantar. Depois de aprender tal atividade, jamais será
esquecida mesmo que passemos um certo tempo sem praticá-las.
Movimentos Rítmicos
Como o nome já
informa, o movimento rítmico é um movimento que se repete após um comando
voluntário, ou seja, precisa-se pensar para agir e depois se torna reflexo de
movimentos repetitivos. São exemplos: andar, mastigar, correr...
Níveis de organização de controle motor
O funcionamento completo
do sistema motor não se restringe ao comando direto dos músculos, realizado pela medula espinha
e pelos núcleos motores dos nervos cranianos. Envolve também
ações de planeamento e programação motora realizadas por áreas específicas do córtex cerebral, ações de comando
cortical sobre a medula e o tronco encefálico que modulam
os reflexos e os movimentos mais grosseiros, e um sofisticado sistema de
controle realizado pelo cerebelo e pelos núcleos da base, cujo objetivo é zelar para que os movimentos sejam iniciados e terminados no tempo certo e realizados harmoniosamente como previsto. Enquanto o sistema nervoso sensorial nos proporciona uma
representação do mundo exterior e do estado interno do corpo, o processamento
motor começa com uma “imagem” de um movimento desejado e, finalmente, a sua
expressão na forma de comportamento. Para você chegar sã e salvo após
atravessar uma rua, seu sistema motor precisou elaborar uma estratégia motora,
seguida de uma elaboração dos seus aspectos táticos para que tudo ocorresse
bem. O necessário para por essa atividade em prática já sabemos: parar, olhar o
sinal, caso esteja verde, andar para atravessar de um canto à outro. Isso
chama-se estratégia. Já o aspecto tático, limita-se à quantidade de músculos
necessários para realizar aquela atividade motora numa sequencia de
relaxamentos e contrações musculares.
Orgão tendinoso de golgi e reflexo miotático inverso
O órgão tendinoso de golgi
está localizado no tendão estando conectado à várias fibras musculares. Esse
órgão é estimulado pelo estiramento do tendão, consequência de contrações
musculares potentes e tem como função proteger as fibras de possíveis
contrações em grande intensidade. Se a pessoa levanta um peso maior do que sua
capacidade de força, automaticamente o receptor OTG é estimulado para que você
solte esse peso, caso contrário, você vai
acabar lesionando as fibras presentes no músculo e no tendão.
Cerebelo
O
cerebelo representa a garantia de que o movimento voluntário decorre de acordo com
o estado de possibilidades do corpo. Subdivide-se em vertibulocerebelo,
cérebro-cerebelo e espinocerebelo.
Vestibulocerebelo
Responsável
por ajustes posturais de origem labiríntica. Antes de executarmos um movimento
precisamos antes assumir a postura adequada e manter o equilíbrio.
Cerebro-cerebelo
Circuitos
responsáveis pelo planejamento do movimento. Recebe aferências de diversas
regiões corticais, como córtex neural, parietal e occipital, todos relacionados
a idealização do movimento voluntário. Antes da realização do movimento o
cérebro idealiza como será feito, gerando um programa de execução
motora.
Espinocerebelo
Controle
de execução do movimento. Controle temporal do movimento, coordenado a seleção
de momentos precisos para ativação de uma sequência ou grupos musculares.
O
cerebelo também tem um papel primordial na execução de movimento. Antes de
deixarem o encéfalo, as fibras cortico-espinais enviam ramos colaterais aos
núcleos da ponte, onde uma copia da ordem motora, copia da eferência, é enviada
ao cerebelo.
Núcleos
de Base
Estas
estruturas controlam a atividade motora por meio de regulação de impulsos
neuromotores que facilitam sua atividade tônica, auxiliando o planejamento e a
execução de movimentos sequenciados.
Funções:
ü Manter
a prontidão de neurônios corticais, para organizar e liberar sequencias de
movimentos ou programas motores;
ü Exercem função relacionada à formulação do comportamento adaptativo;
ü Oura
função é a de liberar e finalizar programas motores que sejam adequados a
execução de uma meta;
ü Também
tem a função de manter o movimento durante sua execução.
Atua auxiliando o córtex
motor no controle de ações, durante o movimento nas formas:
·
Direta – responsável pela iniciação do movimento
e manutenção do programa motor;
·
Indireta - envolvida com a iniciação e
finalização do movimento.
Sistema nervoso autônomo
De
maneira geral refere-se aos sistemas nervosos simpático e parassimpático. Visto
como parte integrante do sistema motor. Responsável pelo movimento da musculatura
lisa, o músculo cardíaco e as glândulas.
Umas
de suas principais funções é a manutenção do ambiente interno, ou seja,a
homeostase. Quando estímulos internos sinalizam a necessidade de alguma regulamentação,
o SNC ativa o sistema autônomo, que realiza as ações compensatórias.
O
sistema nervoso autônomo está apto também a participar de respostas apropriadas
e coordenadas a estímulos externos. Como exemplo, atua na regulação do tamanho
da pupila.
A organização do sistema nervoso
autônomo
De uma forma geral, esse sistema é estruturado
através de vias motoras formadas por dois neurônios, um pré-ganglionar e um
pós-ganglionar. O neurônio pré-ganglionar tem o corpo celular localizado no
Sistema Nervoso Central, e o pós-ganglionar tem o corpo celular num gânglio
autonômico. A partir dessa observação é possível entender a organização da
divisão dos sistemas simpático e parassimpático.
O sistema nervoso simpático é considerado
crânio-caudal, pois possui seus axônios pré-ganglionares saem da medula
espinhal nos segmentos torácicos e lombares altos, já os axônios
pós-ganglionares são distribuídos através dos nervos periféricos até os órgãos
efetores.
Já o sistema nervoso parassimpático tem seus
axônios pré-ganglionares localizados em vários núcleos de nervos cranianos no
tronco encéfalo, bem como na região dos segmentos s3 e s4 da medula espinhal
sacral, classificado assim como cranio-sacral. Seus neurônios pós-ganglionares
encontram-se localizados próximos ou mesmo nas paredes das víceras torácicas,
abdominais e pélvicas.
Uma observação importante é sobre os
neurotransmissores que atuam nesse sistema, de uma forma geral as fibras
pré-ganglionares liberam o neurotransmissor acetilcolina no gânglio autonômico
e são chamadas de fibras colinégicas. Essa mesma classificação é usada para as
fibras pós-ganglionares parassimpáticas, mas as pós-ganglionares simpáticas
podem ser tanto colinérgicas como adrenégicas.
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