quinta-feira, 7 de abril de 2016

Neurofisiologia Motora

Em nosso cotidiano desempenhamos diversos movimentos sem nem mesmo percebê-los ou nos perguntarmos como somos capazes de realiza-los. Pois então, estamos sempre utilizando nosso sistema motor, seja em movimentos voluntários, como acenar para uma pessoa, ou piscar os olhos involuntariamente.

Para nos possibilitar de realisar tais movimentos, existem os padrões básicos de movimentação do corpo, que se dividem em movimentos reflexos, rítmicos e voluntários. Sendo os reflexos com complexidade organizacional mais simples, e os voluntários mais complexos.

Movimentos Reflexos

Respostas motoras simples (participação de poucos músculos) e estereotipadas (sempre iguais), involuntárias provocadas por estimulus específicos. Ocorrem reações automáticas em cadeia em todo nosso corpo, como quando caímos ou nos queimamos.
O ato reflexo envolve o recrutamento de circuitos neurais de forma inconsciente, sendo desencadeado por estímulos sensoriais específicos. Pode ser estendido para respostas motoras viscerais (músculos liso, cardíaco e glândulas), e os reflexos que regulam o diâmetro pupilar e acomodação visual.
Os reflexos podem ser polissináptico incluindo no mínimo um interneuronio entre o sensorial e o motoneuronio ou monossináptico, desprovido de interneuronios. Há também atos reflexos unissegmentados (como o motático) e plurisegmentados (reflexo de retirada).

Movimentos Voluntários
O movimento voluntário executa um comando de forma consciente e controlável. Para isso, o movimento precisa ser organizado inicialmente ao nível de córtex. O córtex motor, mais especificamente, organiza o comando do movimento e envia este comando para um nível central inferior, numa sequência bem definida: córtex pré-motor, controle motor, núcleos da base, tronco encefálico, medula, músculo e cerebelo. O cerebelo faz um ajuste fino e informa ao córtex pré-motor para corrigir o movimento. Visto que são de ação amplamente aprendido, o movimento voluntário é complexo, pois, para exercer tal função, necessita-se de um contato primário com a ação para depois tornar-se “automática”. Um exemplo clássico é o ato de dirigir, escrever, falar, cantar. Depois de aprender tal atividade, jamais será esquecida mesmo que passemos um certo tempo sem praticá-las.

Movimentos Rítmicos
Como o nome já informa, o movimento rítmico é um movimento que se repete após um comando voluntário, ou seja, precisa-se pensar para agir e depois se torna reflexo de movimentos repetitivos. São exemplos: andar, mastigar, correr...

Níveis de organização de controle motor
O funcionamento completo do sistema motor não se restringe ao comando direto dos músculos, realizado pela medula espinha e pelos núcleos motores dos nervos cranianos. Envolve também ações de planeamento e programação motora realizadas por áreas específicas do córtex cerebral, ações de comando cortical sobre a medula e o tronco encefálico que modulam os reflexos e os movimentos mais grosseiros, e um sofisticado sistema de controle realizado pelo cerebelo e pelos núcleos da base, cujo objetivo é zelar para que os movimentos sejam iniciados e terminados no tempo certo e realizados harmoniosamente como previsto. Enquanto o sistema nervoso sensorial nos proporciona uma representação do mundo exterior e do estado interno do corpo, o processamento motor começa com uma “imagem” de um movimento desejado e, finalmente, a sua expressão na forma de comportamento. Para você chegar sã e salvo após atravessar uma rua, seu sistema motor precisou elaborar uma estratégia motora, seguida de uma elaboração dos seus aspectos táticos para que tudo ocorresse bem. O necessário para por essa atividade em prática já sabemos: parar, olhar o sinal, caso esteja verde, andar para atravessar de um canto à outro. Isso chama-se estratégia. Já o aspecto tático, limita-se à quantidade de músculos necessários para realizar aquela atividade motora numa sequencia de relaxamentos e contrações musculares.

Orgão tendinoso de golgi e reflexo miotático inverso
O órgão tendinoso de golgi está localizado no tendão estando conectado à várias fibras musculares. Esse órgão é estimulado pelo estiramento do tendão, consequência de contrações musculares potentes e tem como função proteger as fibras de possíveis contrações em grande intensidade. Se a pessoa levanta um peso maior do que sua capacidade de força, automaticamente o receptor OTG é estimulado para que você solte esse peso, caso contrário, você vai  acabar lesionando as fibras presentes no músculo e no tendão.

Cerebelo

O cerebelo representa a garantia de que o movimento voluntário decorre de acordo com o estado de possibilidades do corpo. Subdivide-se em vertibulocerebelo, cérebro-cerebelo e espinocerebelo.

Vestibulocerebelo

Responsável por ajustes posturais de origem labiríntica. Antes de executarmos um movimento precisamos antes assumir a postura adequada e manter o equilíbrio.

Cerebro-cerebelo

Circuitos responsáveis pelo planejamento do movimento. Recebe aferências de diversas regiões corticais, como córtex neural, parietal e occipital, todos relacionados a idealização do movimento voluntário. Antes da realização do movimento o cérebro idealiza como será feito, gerando um programa de execução motora.

Espinocerebelo

Controle de execução do movimento. Controle temporal do movimento, coordenado a seleção de momentos precisos para ativação de uma sequência ou grupos musculares.


O cerebelo também tem um papel primordial na execução de movimento. Antes de deixarem o encéfalo, as fibras cortico-espinais enviam ramos colaterais aos núcleos da ponte, onde uma copia da ordem motora, copia da eferência, é enviada ao cerebelo.

Núcleos de Base


Estas estruturas controlam a atividade motora por meio de regulação de impulsos neuromotores que facilitam sua atividade tônica, auxiliando o planejamento e a execução de movimentos sequenciados.

Funções:

ü Manter a prontidão de neurônios corticais, para organizar e liberar sequencias de movimentos ou programas motores;
ü  Exercem função relacionada à formulação do comportamento adaptativo;
ü  Oura função é a de liberar e finalizar programas motores que sejam adequados a execução de uma meta;
ü  Também tem a função de manter o movimento durante sua execução.

Atua auxiliando o córtex motor no controle de ações, durante o movimento nas formas:

·         Direta – responsável pela iniciação do movimento e manutenção do programa motor;
·         Indireta - envolvida com a iniciação e finalização do movimento.

Sistema nervoso autônomo

De maneira geral refere-se aos sistemas nervosos simpático e parassimpático. Visto como parte integrante do sistema motor. Responsável pelo movimento da musculatura lisa, o músculo cardíaco e as glândulas.

Umas de suas principais funções é a manutenção do ambiente interno, ou seja,a homeostase. Quando estímulos internos sinalizam a necessidade de alguma regulamentação, o SNC ativa o sistema autônomo, que realiza as ações compensatórias.

O sistema nervoso autônomo está apto também a participar de respostas apropriadas e coordenadas a estímulos externos. Como exemplo, atua na regulação do tamanho da pupila.

A organização do sistema nervoso autônomo

      De uma forma geral, esse sistema é estruturado através de vias motoras formadas por dois neurônios, um pré-ganglionar e um pós-ganglionar. O neurônio pré-ganglionar tem o corpo celular localizado no Sistema Nervoso Central, e o pós-ganglionar tem o corpo celular num gânglio autonômico. A partir dessa observação é possível entender a organização da divisão dos sistemas simpático e parassimpático.

      O sistema nervoso simpático é considerado crânio-caudal, pois possui seus axônios pré-ganglionares saem da medula espinhal nos segmentos torácicos e lombares altos, já os axônios pós-ganglionares são distribuídos através dos nervos periféricos até os órgãos efetores. 

      Já o sistema nervoso parassimpático tem seus axônios pré-ganglionares localizados em vários núcleos de nervos cranianos no tronco encéfalo, bem como na região dos segmentos s3 e s4 da medula espinhal sacral, classificado assim como cranio-sacral. Seus neurônios pós-ganglionares encontram-se localizados próximos ou mesmo nas paredes das víceras torácicas, abdominais e pélvicas.

     Uma observação importante é sobre os neurotransmissores que atuam nesse sistema, de uma forma geral as fibras pré-ganglionares liberam o neurotransmissor acetilcolina no gânglio autonômico e são chamadas de fibras colinégicas. Essa mesma classificação é usada para as fibras pós-ganglionares parassimpáticas, mas as pós-ganglionares simpáticas podem ser tanto colinérgicas como adrenégicas.




Nenhum comentário:

Postar um comentário