[1]SOUZA, V. F.
O Dia Internacional da
Mulher tem sido tradicionalmente, um momento para homenagens e reconhecimento
de toda a importância que essas criaturas têm nas nossas vidas. No entanto,
vale esclarecer também que este dia é uma oportunidade “impar” para refletirmos
sobre os grandes combates travados por essas guerreiras ao longo da história, a
começar pela data que remonta ao século XIX.
A história do “oito de março”
inicia no ano de 1857. Na época, vivíamos o auge das maquinofaturas que
impulsionadas pela histórica revolução industrial se espalharam pelas
principais potências da Europa e ex-colônia inglesa que, já independente, ficou
conhecida por Estados Unidos da América.
Toda a mecanização empregada
nos meios de produção desde a revolução industrial fez surgir diversas
transformações sociais que, daí por diante, continuaram até os nossos dias, mas,
no entanto, trouxe também inúmeros problemas.
Entre as principais consequências
deste processo, destacamos as relações de trabalho que oprimiam a nova classe
social o proletariado ou simplesmente operários, e amplificavam as
desigualdades. Baixos salários e jornadas exaustivas de 16 horas tornavam as
pessoas cada vez mais reféns de seus patrões que não mostravam limites para
suas ambições, sobretudo, porque inexistiam mecanismos legais para fiscalizá-los.
A situação fica ainda mais grave quando nos damos conta de que além das
dificuldades já citadas, havia também, em função da mecanização do trabalho,
uma intensa liberação de mão de obra (desemprego) que desvalorizava progressivamente
o trabalho operário uma vez que facilitava a reposição de todo e qualquer indivíduo
que ousasse questionar as estruturas da época.
O panorama de intensas
dificuldades fez surgir as primeiras associações de trabalhadores, embriões dos
sindicatos, que inspirados nas ideias do manifesto comunista[2] partiram para o
enfrentamento contra seus patrões.
É nesse contexto que encontramos
a figura feminina daquele oito de março de 1857: submetida às mesmas
explorações que o homem, mas recebendo salários muito inferiores, ou seja, para
as mulheres e crianças, também obrigadas a trabalhar, a vida conseguia ser ainda
pior.
Tal situação gerava,
obviamente, muita revolta que levou as operárias de uma tecelagem em Nova Iorque
a paralisarem as atividades e ocuparem as instalações da fábrica. As reivindicações
versavam sobre as condições de trabalho e equiparação dos salários com os
homens, mas, no entanto, nenhum avanço foi obtido. Pelo contrário, elas foram
trancadas nas instalações da fábrica que ocupavam e o prédio foi incendiado. Mais
de uma centena de mulheres foram queimadas vivas em seu próprio ambiente de trabalho
servindo de exemplo para as demais.
Apesar da repercussão do
caso, o fatídico oito de março só foi discutido com amplitude internacional em
1910, quando foi criada a primeira conferência feminina da nossa história. A
data passou então a ser dedicada as vitimas do incêndio de 1857, mas só em
1975, sessenta e cinco anos mais tarde, ela foi oficializada pela ONU como Dia
Internacional da Mulher.
O ranço histórico do
machismo também é muito forte no Brasil, inclusive nos dias de hoje. Apesar dos
esforços para valorizar o papel da mulher na nossa sociedade, observamos que a própria
história parece não dar a devida importância a inúmeras heroínas que ajudaram a
formar nossa nação e por isso, infelizmente, corremos o risco de continuarmos
com esse legado odioso nas próximas gerações.
Referências:
ALVES, Branca Moreira.
Ideologia e feminismo: a luta pelo voto feminino no Brasil. Petrópolis: Vozes,
1980.
BOSI, Ecléa. Simone Weil: a
razão dos vencidos. São Paulo: Brasiliense, 1982.
CHEVALIER, Charles. Classes
laborieuses et classes dangereuses à Paris pendant la première moitié du XIXe.
siècle. Paris: Hachette, 1984.
MARIN, Alexandra Ayala.
“Caja de Pandora”. Clara Zetkin. Entrevista dada para UNIFEM. Disponível em: .
MINCZELES, Henri. Histoire générale du BUND, un mouvement révolutionnaire juif.
Paris: Austral, 1995.
[1] Professor Me. Valdemir de França Souza - Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0575808525650859
[2] O Manifesto Comunista ou Manifesto do Partido Comunista foi publicado em 21 de fevereiro de 1848. É um dos tratados políticos de maior influência mundial e foi escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico Karl Marx e Friedrich Engels.
[2] O Manifesto Comunista ou Manifesto do Partido Comunista foi publicado em 21 de fevereiro de 1848. É um dos tratados políticos de maior influência mundial e foi escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico Karl Marx e Friedrich Engels.
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