terça-feira, 8 de março de 2016

História do Dia Internacional da Mulher


                                                                                                                                                                       [1]SOUZA, V. F.

O Dia Internacional da Mulher tem sido tradicionalmente, um momento para homenagens e reconhecimento de toda a importância que essas criaturas têm nas nossas vidas. No entanto, vale esclarecer também que este dia é uma oportunidade “impar” para refletirmos sobre os grandes combates travados por essas guerreiras ao longo da história, a começar pela data que remonta ao século XIX.

A história do “oito de março” inicia no ano de 1857. Na época, vivíamos o auge das maquinofaturas que impulsionadas pela histórica revolução industrial se espalharam pelas principais potências da Europa e ex-colônia inglesa que, já independente, ficou conhecida por Estados Unidos da América.  

Toda a mecanização empregada nos meios de produção desde a revolução industrial fez surgir diversas transformações sociais que, daí por diante, continuaram até os nossos dias, mas, no entanto, trouxe também inúmeros problemas.

Entre as principais consequências deste processo, destacamos as relações de trabalho que oprimiam a nova classe social o proletariado ou simplesmente operários, e amplificavam as desigualdades. Baixos salários e jornadas exaustivas de 16 horas tornavam as pessoas cada vez mais reféns de seus patrões que não mostravam limites para suas ambições, sobretudo, porque inexistiam mecanismos legais para fiscalizá-los. A situação fica ainda mais grave quando nos damos conta de que além das dificuldades já citadas, havia também, em função da mecanização do trabalho, uma intensa liberação de mão de obra (desemprego) que desvalorizava progressivamente o trabalho operário uma vez que facilitava a reposição de todo e qualquer indivíduo que ousasse questionar as estruturas da época.

O panorama de intensas dificuldades fez surgir as primeiras associações de trabalhadores, embriões dos sindicatos, que inspirados nas ideias do manifesto comunista[2] partiram para o enfrentamento contra seus patrões.

É nesse contexto que encontramos a figura feminina daquele oito de março de 1857: submetida às mesmas explorações que o homem, mas recebendo salários muito inferiores, ou seja, para as mulheres e crianças, também obrigadas a trabalhar, a vida conseguia ser ainda pior.

Tal situação gerava, obviamente, muita revolta que levou as operárias de uma tecelagem em Nova Iorque a paralisarem as atividades e ocuparem as instalações da fábrica. As reivindicações versavam sobre as condições de trabalho e equiparação dos salários com os homens, mas, no entanto, nenhum avanço foi obtido. Pelo contrário, elas foram trancadas nas instalações da fábrica que ocupavam e o prédio foi incendiado. Mais de uma centena de mulheres foram queimadas vivas em seu próprio ambiente de trabalho servindo de exemplo para as demais.

Apesar da repercussão do caso, o fatídico oito de março só foi discutido com amplitude internacional em 1910, quando foi criada a primeira conferência feminina da nossa história. A data passou então a ser dedicada as vitimas do incêndio de 1857, mas só em 1975, sessenta e cinco anos mais tarde, ela foi oficializada pela ONU como Dia Internacional da Mulher.

O ranço histórico do machismo também é muito forte no Brasil, inclusive nos dias de hoje. Apesar dos esforços para valorizar o papel da mulher na nossa sociedade, observamos que a própria história parece não dar a devida importância a inúmeras heroínas que ajudaram a formar nossa nação e por isso, infelizmente, corremos o risco de continuarmos com esse legado odioso nas próximas gerações.

Referências:
ALVES, Branca Moreira. Ideologia e feminismo: a luta pelo voto feminino no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980.
BOSI, Ecléa. Simone Weil: a razão dos vencidos. São Paulo: Brasiliense, 1982.
CHEVALIER, Charles. Classes laborieuses et classes dangereuses à Paris pendant la première moitié du XIXe. siècle. Paris: Hachette, 1984.
MARIN, Alexandra Ayala. “Caja de Pandora”. Clara Zetkin. Entrevista dada para UNIFEM. Disponível em: . MINCZELES, Henri. Histoire générale du BUND, un mouvement révolutionnaire juif. Paris: Austral, 1995.





[1] Professor Me. Valdemir de França Souza - Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0575808525650859
[2] O Manifesto Comunista ou Manifesto do Partido Comunista foi publicado em 21 de fevereiro de 1848. É um dos tratados políticos de maior influência mundial e foi escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico Karl Marx e Friedrich Engels. 

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